O que é Osteopatia?

Em 22 de junho de 1874, Andrew Taylor Still criou a ainda não nomeada Osteopatia, tendo este nome apresentado somente em 1889. O termo ainda não existia, e foi introduzido na prática médica como um conceito de tratamento que utilizava condições naturais para facilitar a busca da homeostase e o processo de cura, dando total aversão à tratamentos agressivos e devastadores. Em sua biografia, definiu a osteopatia:

               Osteopatia é a ciência que consiste em conhecimentos exatos, exaustivos e verificáveis da estrutura e função do mecanismo humano, anatomia, fisiologia e psicologia, incluindo a química e física de seus elementos conhecidos, de forma a ser possível descobrir certas leis orgânicas e recursos remediadores, dentro do próprio corpo.

A osteopatia não é apenas uma abordagem mecanicista da doença, mas um sistema autêntico e efetivo que tenta eliminar as causas de uma saúde prejudicada e busca fortalecer o poder cura­tivo básico que existe dentro do próprio corpo”.

 

               A palavra “OSTEOPATIA”, desde seu início, causou certa confusão em sua definição. Deriva de duas palavras gregas, osteon (osso) e páthos (doença/sofrimento), porém Rockwell, um especialista em línguas antigas disse que páthos significava “influenciado ou sensível a algo” e que secundariamente significava doença ou sofrimento. Assim, concluiu-se que o significado da palavra “OSTEOPATIA”, respeitando suas raízes gregas, seria “Influenciado pelos ossos”.

           Isso porque os ossos “desalinhados”, como descreveu na época, comprometem o livre fluir dos líquidos dos vasos e a condução neural, além do líquido extracelular encontrado nas fáscias que atualmente fora estudada e entendida mais profundamente. Para Still, as restrições teciduais poderiam ser produzidas por adaptações a traumas e doenças, o que auxiliaria na manutenção de condições patológicas, impedindo o corpo de se autocurar.

Outras definições surgiram nesses mais de 100 anos que se passaram, cito algumas abaixo:

               Osteopatia é um sistema de diagnóstico e tratamento estabelecido e reconhecido, que baseia sua principal ênfase na integridade estrutural e funcional do corpo. É distinta pelo fato de reconhecer que algumas dores e incapacidades das quais sofremos vêm de anormalidades na função da estrutura corporal, assim como os danos causados pelas doenças.

General Osteopathic Council of Great Britain (GOsC)

 

Um sistema completo de cuidado de saúde com uma filosofia que combina as necessidades do paciente com a pratica atual de medicina, cirurgia e obstetrícia; que enfatiza a relação entre estrutura e função, e que tem apreciação na habilidade do corpo de curar a si mesmo.

American Osteopathic Association (AOA, 1991)

 

É um sistema de cuidados com a saúde que reconhece que a autocura e a habilidade de autorregular o corpo depende de determinado número de fatores, incluindo condições favoráveis do meio ambiente (internas e externas), nutrição adequada e integridade estrutural normal. Ela se utiliza de métodos de diagnós­ticos comumente aceitos, bem como alguns métodos específi­cos desenvolvidos para facilitar uma avaliação estrutural precisa. Dá ênfase especial à impor­tância mecânica do corpo e utiliza técnicas para detectar e corrigir estruturas e funções imperfeitas”.

Leon Chaitow

 

Osteopatia é um método diagnóstico e terapêutica que utiliza do contato manual para estes fins. Diz respeito à relação de corpo, mente e espírito na saúde e na doença, enfatizando a integridade estrutural e funcional do corpo e a tendência intrínseca do corpo de direcionar-se a própria cura.

OMS, 2010

 

               Still propôs um método de análise individual e global do paciente, cuja principal meta seria buscar essas disfunções e suas adaptações, com o intuito de compreender as relações das patologias com as alterações mecânicas. Para abordar o organismo, desenvolveu técnicas de correção dessas restrições visando proporcionar o despertas dos mecanismos autorreguladores corporais.

                 A filosofia Osteopática, focada em todos os livros de Still, busca unir conhecimentos científicos e organizar um raciocínio alicerçado em todos os aspectos da saúde. O foco central é o paciente como um todo, de maneira individualizada, considerando suas questões físicas, mentais, emocionais e espirituais.

       Os princípios da Osteopatia são:

 

1. O Corpo é uma Unidade: “cada parte do corpo vive para o corpo e através do corpo”.

 

2. A Estrutura Governa a Função: “estrutura é a função solidificada”.

1. Estruturas são os ossos, músculos, ligamentos, tendões, fáscias, vísceras, glândulas etc. O seu papel é explicado pela fisiologia;
2. Segundo Still, a qualidade da estrutura interfere diretamente em sua função, assim como uma função prejudicada pode interferir na qualidade da estrutura criando outras adaptações em sistemas corporais correlatos e/ou adaptações na própria estrutura onde essa função foi modificada. Ex.: uma alteração no formato de uma articulação que sofre sobrecarga mecânica por tempo prolongado e apresenta sinais de degeneração em decorrência dessa alteração funcional. Da mesma maneira que, uma articulação que possui uma malformação congênita, por exemplo, tende a apresentar perda de qualidade funcional

 

3. Lei da Artéria: “necessidade de livre circulação de fluídos dentro de um sistema vivo”.

1. Está relacionada a qualidade nutricional celular promovida pela irrigação sanguínea. Segundo Still, uma célula que não possui uma irrigação plena está vulnerável a assumir uma condição patológica, pois sua capacidade de se autorregular encontra-se debilitada.
2. Esse princípio se tornou muito mais amplo, abrangendo, atualmente, não apenas o fluxo arterial e venoso, mas também o fluxo de qualquer fluido corporal, incluindo a linfa, líquido intersticial e líquido cefalorraquidiano.
3. Este princípio transpassa obrigatoriamente por todos os outros princípios através de sua abrangência e íntima relação com eles. Ex.: considerando que o controle vasomotor é realizado pelo SNS e que este emerge da medula espinhal alojada pela coluna vertebral, uma disfunção nesse nível poderia repercutir de maneira sistêmica com prejuízo de irrigação. E considerando ainda que essa mesma disfunção vertebral foi ocasionada pela aferência de uma alteração estrutural traumática, como uma ruptura de um ligamento do tornozelo, essa relação com os outros princípios (unidade do corpo, autorregulação e estrutura e função) se torna ainda mais evidente.

 

4. A autocura: “o corpo tem uma capacidade inerente de se defender, se autorregular e de voltar ao equilíbrio (homeostase)”.

1. O corpo busca constantemente adaptações para autorregular-se, ainda que essa característica seja notada apenas quando um problema está instalado. É por isso que os indivíduos são tão resilientes, como resultado de um conjunto de compensações que têm a finalidade inconsciente de minimizar os efeitos deletérios de um determinado estresse, independentemente de ser físico ou emocional.
2. As adaptações/compensações realizadas por diversos mecanismos de defesa do corpo garantem a capacidade de se manter saudável. Então, quando uma doença se manifesta, isso quer dizer que todas as formas de compensação foram esgotadas e, mesmo assim, o equilíbrio não foi alcançado.
3. Essas adaptações são cumulativas. Isso permite compreender por que dois indivíduos submetidos a traumas idênticos apresentam sintomas diferentes ou mesmo não apresentam sintomas. A cada fator estressor o corpo busca uma nova adaptação sobre a condição presente no momento, e essa condição prévia é diferente para cada indivíduo, pois é o resultado da história individual.

 

COMO É A NOSSA FORMAÇÃO EM OSTEOPATIA?

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